25 de Agosto de 2025 postado por Antonio Collar
No próximo dia 22 de fevereiro, em partida contra o Boston Celtics, o Lakers estreará sua mais nova estátua. O homenageado da vez será o lendário Pat Riley, campeão como jogador em 1972, mas que marcou seu nome na história conquistando quatro títulos como técnico na década de 1980
E o assunto gerou uma nova discussão: quando se aposentar, LeBron James merecerá uma estátua sua nos arredores da Crypto Arena? Para Derek Fisher, cinco vezes campeão em Los Angeles ao lado de Kobe Bryant, a resposta é não.
- Se ganhar uma estátua, eu mereço duas - disse Fisher sobre a possibilidade de o camisa 23 entrar para o seleto grupo de estrelas homenageadas pela franquia.
Bom, a verdade é que quando olhamos apenas para os títulos, a frase de Derek Fisher faz mesmo sentido. Mas o contexto do basquete vai muito além das conquistas coletivas, e o ex-armador, embora importante, nunca foi o protagonista da equipe.
Por que LeBron James merece uma estátua dos Lakers
A ideia aqui não é defender que LeBron James receba uma estátua, então leia até o final. A proposta deste texto é trazer motivos que justifiquem as duas possibilidades, tanto para o sim quanto para o não. E acredite, há bons motivos para ambos os lados.
Bom, o primeiro e mais fácil é título de 2020. Ainda que alguns tentem colocar asterisco na conquista dos Lakers, o anel conquistado em meio à pandemia de Covid-19 é incontestável e tem LeBron James como a principal figura. Entre outubro e março, quando a temporada foi interrompida, os Lakers foram o melhor time da Conferência Oeste. No final de semana que antecedeu a suspensão das atividades na liga, LBJ liderou a equipe em vitórias sobre Milwaukee Bucks (líder do Leste) e Los Angeles Clippers (segundo do Oeste). Os Lakers já eram o melhor time da NBA, apenas comprovaram isso na bolha.
E vale lembrar que, se hoje o torcedor tem expectativa de disputar os Playoffs todos os anos, as coisas não eram mais assim havia muito tempo. Foram seis anos consecutivos sem marcar presença na pós-temporada entre 2014 e 2020. Em 2013, última aparição antes de LeBron, os Lakers foram varridos pelo San Antonio Spurs na primeira rodada. LeBron James, portanto, ajudou a devolver o Lakers ao posto de protagonista dentro da liga. Algo que o próprio Kobe no final da carreira conseguiu.
Por falar em Kobe, a morte do ídolo em 2020 também é um fator importante na conquista do título. Levantar o troféu foi um pequeno alívio diante da imensa dor sofrida pelos fãs da franquia em fevereiro daquele ano. Quando os torcedores sofreram com a perda do maior ídolo e o mundo teve sua normalidade interrompida por uma pandemia, foi LeBron James quem ajudou a devolver um pouquinho da felicidade e da normalidade para os amantes do esporte.
LeBron acumula marcas importantes pelo Lakers
Bom, também é preciso olhar com carinho para as outras marcas atingidas por LeBron em LA, ainda que algumas sejam mais simbólicas. Por exemplo, foi com a camisa da franquia que ele tornou-se o maior pontuador na história da NBA, quebrando o recorde de Kareem Abdul-Jabbar. Sempre que a imagem for reprisada nas próximas décadas, não serão Cleveland Cavaliers Miami Heat os times mostrados. Será o Lakers.
Será também com o uniforme roxo e dourado que LeBron se tornará o jogador com mais partidas na história da liga, quebrando o marca de Robert Parish. Hoje faltam apenas 49 partidas, algo que deve ocorrer ainda na próxima temporada, caso ele mantenha seu histórico de quase nunca sofrer com lesões sérias.
Além disso, LBJ tornou-se em Los Angeles o primeiro jogador na história da NBA a dividir a quadra com o filho. Um momento difícil de dimensionar enquanto acontece em tempo real, mas que com o tempo com certeza ganhará um peso histórico imensurável. Dentre todas as marcas e recordes alcançados pelo camisa 23, manter-se saudável e ativo como um dos melhores jogadores do mundo ao ponto de ser companheiro de equipe é algo que provavelmente nunca mais veremos na NBA.
Por que LeBron James não merece uma estátua dos Lakers
Por outro lado, também é justo dizer que LeBron James não construiu uma dinastia em Los Angeles. Seu legado na franquia se resume a um título em 2020, um feito relevante, mas pequeno diante da tradição dos Lakers. Basta lembrar que Magic Johnson conquistou cinco troféus, Kobe Bryant ergueu outros cinco e até Shaquille O’Neal, em uma passagem mais curta, deixou três títulos consecutivos. Um campeonato isolado dificilmente sustenta sozinho o peso de uma estátua no hall de lendas do time.
Outro ponto é que LeBron chegou já em reta final de carreira. Apesar de manter um nível altíssimo, o auge do camisa 23 ficou em Miami e Cleveland, onde venceu três campeonatos, empilhou prêmios individuais e definiu sua imagem como um dos maiores da história. Em Los Angeles, ele já era um jogador consolidado, com muito mais passado do que futuro, e seu impacto, embora marcante, nunca teve a mesma intensidade que em suas equipes anteriores.
Por fim, os Lakers sempre foram sobre dinastias. Dos tempos de Magic e Kareem, passando por Kobe e Shaq, até mesmo a recente era de Kobe sozinho, a grandeza da franquia esteve ligada a ciclos de domínio na NBA. LeBron, por mais grandioso que seja como atleta, não inaugurou uma nova era em Los Angeles — deu aos torcedores um campeonato histórico, mas não uma hegemonia. Nesse sentido, ele se encaixa mais como uma lenda da NBA que vestiu a camisa dos Lakers do que como um símbolo eterno da franquia.